Alopecia Após Hepatite Autoimune: Relato De Caso
DOI:
https://doi.org/10.37497/JMRReview.v3i00.75Palavras-chave:
Pediatria, Dermatologia, Hepatite, Alopécia, AutoimunidadeResumo
Introdução: Pacientes com hepatite autoimune podem ter um risco aumentado de desenvolver outras doenças relacionadas à imunidade, como por exemplo, a alopécia areata. A maioria das manifestações extra-hepáticas da hepatite autoimune são conhecidas, mas o número exato de pacientes afetados por distúrbios de pele é pouco discutido, sendo tais manifestações geralmente negligenciadas ou subnotificadas.
Objetivo: Relatar um caso de alopecia após hepatite autoimune atendido em nosso Serviço.
Método: Tratou-se de uma paciente de 13 anos de idade atendida no Serviço de Pediatria do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus – HUSF, localizado na cidade de Bragança Paulista - SP.
Relato do Caso: Este relato descreve o caso de uma paciente de 13 anos de idade que foi admitida inicialmente com icterícia em evolução, que começou na conjuntiva ocular e progrediu para todo o corpo, apresentando dispneia, fadiga, edema, ascite e dor abdominal. Os exames revelaram hepatopatia crônica, pneumonia, derrame pleural e pericárdico, além de esplenomegalia e provável colelitíase. A paciente recebeu tratamento com antibióticos, diuréticos e vitamina K, com melhora respiratória, mas mantendo ascite e icterícia. Posteriormente, foi diagnosticada com hepatite autoimune e, após alta hospitalar, desenvolveu alopecia total. Após o fato, iniciou corticoterapia com melhora clínica, e atualmente faz tratamento contínuo de tacrolimus, prednisona e vitamina D, sem indicação de transplante hepático, a despeito da não remissão total dos sintomas.
Conclusão: Este caso clínico destaca a complexidade do diagnóstico e manejo da hepatite autoimune em uma paciente pediátrica, inicialmente apresentada com icterícia e sintomas inespecíficos que evoluíram para um quadro mais grave com ascite e envolvimento respiratório. A combinação de exames laboratoriais e de imagem foi crucial para a identificação da hepatopatia crônica, culminando no diagnóstico final com base em marcadores autoimunes. A resposta ao tratamento com corticoterapia foi positiva, evidenciando a importância da intervenção precoce, embora a paciente tenha desenvolvido alopecia como complicação. O caso ressalta a relevância do acompanhamento contínuo, visto que, apesar da melhora clínica e ausência de necessidade imediata de transplante hepático, a paciente permanece sem remissão completa dos sintomas. Este relato sublinha a necessidade de abordagens multidisciplinares e vigilância prolongada no manejo de doenças autoimunes pediátricas.
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